sábado, 21 de abril de 2012

Dificuldade de aprendizagem? Seu filho pode ter a Síndrome de Irlen Dificuldade de aprendizagem?  Seu filho pode ter a Síndrome de Irlen
Apesar de pouco conhecida no Brasil, a Síndrome de Irlen foi descoberta em 1987 nos Estados Unidos a partir dos estudos da Drª Helen Irlen, e afeta de 12% a 14% da população.

A Síndrome de Irlen é uma distorção na percepção visual, e apesar do centro da visão estar em foco, apresentando-se na maioria das vezes no exame oftalmológico de rotina AV 20/20, ou seja, sem alterações, essa síndrome faz com que o processamento cerebral das informações que chegam através da visão fique distorcido e embaçado, causando desconforto durante a leitura, escrita e outras atividades rotineiras.

Sabe-se que é através dos cinco sentidos que conhecemos o mundo, e é a partir da visão que podemos ver, perceber e também codificar os estímulos que chegam aos nossos olhos. Desta forma, quando estes estímulos se apresentam comprometidos, perde-se qualidade de vida e o indivíduo passa a acumular dificuldades que acarretará em prejuízos futuros.

Embora ocorra muitas vezes em comorbidade com outros transtornos como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, etc., e apresente características bem semelhantes, a Síndrome de Irlen não é dislexia, pois trata-se de um distúrbio do processamento perceptual que é chamado de Síndrome de Sensibilidade Escotópica, ou seja, o problema está no processamento visual e na sensibilidade à luz, enquanto que a dislexia é uma dificuldade na aprendizagem da leitura relacionada ao reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos (grafemas) e o som (fonemas), e a transformação dos símbolos gráficos em linguagem verbal.

A Síndrome de Irlen também não está relacionada à incapacidade de aprendizagem ou baixa inteligência, e sim a um desajuste do processamento visual, que pode causar:

  • Dores de cabeça, dores de estômago ou fadiga;

  • Leitura lenta ou deficiente, com pouca compreensão do texto;

  • Disgrafia, escrita espelhada;

  • Inversão ou troca de letras na fala e ao escrever palavras;

  • Dificuldades em seguir instruções verbais;

  • Ansiedade, desatenção ou inquietude;

  • Dificuldade nos relacionamentos.

O diagnóstico da Síndrome de Irlen é multidisciplinar, e envolve uma equipe de profissionais como: psicopedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos, neuro-psicólogos, neurologistas e oftalmologistas.

O teste inicial é realizado pelo Screener, profissional habilitado que deve ter em mãos os materiais elaborados e patenteados pela Drª Helen Irlen, a partir do método EPLI - Escala Perceptual de Leitura Irlen, que detectará a existência ou não da Síndrome, bem como o grau em que se apresenta (leve, moderada ou severa).

A correção é possível com o uso de transparências (Overlays) sobre as páginas brancas ou filtros espectrais utilizados nos óculos. Estes recursos vão facilitar a leitura e corrigir as distorções, proporcionando maior conforto e qualidade de vida durante as tarefas de leitura, escrita, etc., não excluindo com isso o acompanhamento de profissionais competentes para a reabilitação do indivíduo.

CELESTE CHICARELLI
Pedagoga graduada pela UEMG

quarta-feira, 18 de abril de 2012


Na Primeira Infância:

1 - atraso no desenvolvimento motor desde a fase do engatinhar, sentar e andar;
2 - atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á pronúncia de palavras;
3 - parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo;
4 - distúrbios do sono;
5 - enurese noturna;
6 - suscetibilidade à alergias e à infecções;
7 - tendência à hiper ou a hipo-atividade motora;
8 - chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência;
9 - dificuldades para aprender a andar de triciclo;
10 - dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares.

Observação:
Pesquisas científicas neurobiológicas recentes concluiram que o sintoma mais conclusivo acerca do risco de dislexia em uma criança, pequena ou mais velha, é o atraso na aquisição da fala e sua deficiente percepção fonética. Quando este sintoma está associado a outros casos familiares de dificuldades de aprendizado - dislexia é, comprovadamente, genética, afirmam especialistas que essa criança pode vir a ser avaliada já a partir de cinco anos e meio, idade ideal para o início de um programa remediativo, que pode trazer as respostas mais favoráveis para superar ou minimizar essa dificuldade.
A dificuldade de discriminação fonológica leva a criança a pronunciar as palavras de maneira errada. Essa falta de consciência fonética, decorrente da percepção imprecisa dos sons básicos que compõem as palavras, acontece, já, a partir do som da letra e da sílaba. Essas crianças podem expressar um alto nível de inteligência, "entendendo tudo o que ouvem", como costumam observar suas mães, porque têm uma excelente memória auditiva. Portanto, sua dificuldade fonológica não se refere à identificação do significado de discriminação sonora da palavra inteira, mas da percepção das partes sonoras diferenciais de que a palavra é composta. Esta a razão porque o disléxico apresenta dificuldades significativas em leitura, que leva a tornar-se, até, extremamente difícil sua soletração de sílabas e palavras. Por isto, sua tendência é ler a palavra inteira, encontrando dificuldades de soletração sempre que se defronta com uma palavra nova.
Porque, freqüentemente, essas crianças apresentam mais dificuldades na conquista de
domínio do equilíbrio de seu corpo com relação à gravidade, é comum que pais possam submete-las a exercícios nos chamados "andadores" ou "voadores". Prática que, advertem os especialistas, além de trazer graves riscos de acidentes, é absolutamente inadequada para a aquisição de equilíbrio e desenvolvimento de sua capacidade de andar, como interfere, negativamente, na cooperação harmônica entre áreas motoras dos hemisférios esquerdo-direito do cérebro. Por isto, crianças que exercitam a marcha em "andador", só adquirem o domínio de andar sozinhas, sem apoio, mais tardiamente do que as outras crianças.
Além disso, o uso do andador como exercício para conquista da marcha ou visando uma maior desenvoltura no andar dessa criança, também contribui, de maneira comprovadamente negativa, em seu desenvolvimento psicomotor potencial-global, em seu processo natural e harmônico de maturação e colaboração de lateralidade hemisférica-cerebral.
A Partir dos Sete Anos de Idade:

1 - pode ser extremamente lento ao fazer seus deveres:
2 - ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com muitos erros;
3 - copia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou não lê o que escreve;
4 - a fluência em leitura é inadequada para a idade;
5 - inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;
6 - só faz leitura silenciosa;
7 - ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para poder ouvir o som da palavra;
8 - sua letra pode ser mal grafada e, até, ininteligível; pode borrar ou ligar as palavras entre si;
9 - pode omitir, acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção de letras e sílabas;
10 - esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias ou semanas;
11 - é mais fácil, ou só é capaz de bem transmitir o que sabe através de exames orais;
12 - ao contrário, pode ser mais fácil escrever o que sabe do que falar aquilo que sabe;
13 - tem grande imaginação e criatividade;
14 - desliga-se facilmente, entrando "no mundo da lua";
15 - tem dor de barriga na hora de ir para a escola e pode ter febre alta em dias de prova;
16 - porque se liga em tudo, não consegue concentrar a atenção em um só estímulo;
17 - baixa auto-imagem e auto-estima; não gosta de ir para a escola;
18 - esquiva-se de ler, especialmente em voz alta;
19 - perde-se facilmente no espaço e no tempo; sempre perde e esquece seus pertences;
20 - tem mudanças bruscas de humor;
21 - é impulsivo e interrompe os demais para falar;
22 - não consegue falar se outra pessoa estiver falando ao mesmo tempo em que ele fala;
23 - é muito tímido e desligado; sob pressão, pode falar o oposto do que desejaria;
24 - tem dificuldades visuais, embora um exame não revele problemas com seus olhos;
25 - embora alguns sejam atletas, outros mal conseguem chutar, jogar ou apanhar uma bola;
26 - confunde direita-esquerda, em cima-em baixo; na frente-atrás;
27 - é comum apresentar lateralidade cruzada; muitos são canhestros e outros ambidestros;
28 - dificuldade para ler as horas, para seqüências como dia, mês e estação do ano;
29 - dificuldade em aritmética básica e/ou em matemática mais avançada;
30 - depende do uso dos dedos para contar, de truques e objetos para calcular;
31 - sabe contar, mas tem dificuldades em contar objetos e lidar com dinheiro;
32 - é capaz de cálculos aritméticos, mas não resolve problemas matemáticos ou algébricos;
33 - embora resolva cálculo algébrico mentalmente, não elabora cálculo aritmético;
34 - tem excelente memória de longo prazo, lembrando experiências, filmes, lugares e faces;
35 - boa memória longa, mas pobre memória imediata, curta e de médio prazo;
36 - pode ter pobre memória visual, mas excelente memória e acuidade auditivas;
37 - pensa através de imagem e sentimento, não com o som de palavras;
38 - é extremamente desordenado, seus cadernos e livros são borrados e amassados;
39 - não tem atraso e dificuldades suficientes para que seja percebido e ajudado na escola;
40 - pode estar sempre brincando, tentando ser aceito nem que seja como "palhaço" ;
41 - frustra-se facilmente com a escola, com a leitura, com a matemática, com a escrita;
42 - tem pré-disposição à alergias e à doenças infecciosas;
43 - tolerância muito alta ou muito baixa à dor;
44 - forte senso de justiça;
45 - muito sensível e emocional, busca sempre a perfeição que lhe é difícil atingir;
46 - dificuldades para andar de bicicleta, para abotoar, para amarrar o cordão dos sapatos;
47 - manter o equilíbrio e exercícios físicos são extremamente difíceis para muitos disléxicos;
48 - com muito barulho, o disléxico se sente confuso, desliga e age como se estivesse distraído;
49 - sua escrita pode ser extremamente lenta, laboriosa, ilegível, sem domínio do espaço na página;
50 - cerca de 80% dos disléxicos têm dificuldades em soletração e em leitura.

Crianças disléxicas apresentam combinações de sintomas, em intensidade de níveis que variam entre o sutil ao severo, de modo absolutamente pessoal. Em algumas delas há um número maior de sintomas e sinais; em outras, são observadas somente algumas características. Quando sinais só aparecem enquanto a criança é pequena, ou se alguns desses sintomas somente se mostram algumas vezes, isto não significa que possam estar associados à Dislexia. Inclusive, há crianças que só conquistam uma maturação neurológica mais lentamente e que, por isto, somente têm um quadro mais satisfatório de evolução, também em seu processo pessoal de aprendizado, mais tardiamente do que a média de crianças de sua idade.

Pesquisadores têm enfatizado que a dificuldade de soletração tem-se evidenciado como um sintoma muito forte da Dislexia. Há o resultado de um trabalho recente, publicado no jornal Biological Psychiatry e referido no The Associated Press em 15/7/02, onde foram estudadas as dificuldades de disléxicos em idade entre 7 e 18 anos, que reafirma uma outra conclusão de pesquisa realizada com disléxicos adultos em 1998, constando do seguinte:
que quanto melhor uma criança seja capaz de ler, melhor ativação ela mostra em uma específica área cerebral, quando envolvida em exercício de soletração de palavras. Esses pesquisadores usaram a técnica de Imagem Funcional de Ressonância Magnética, que revela como diferentes áreas cerebrais são estimuladas durante atividades específicas. Esta descoberta enfatiza que essa região cerebral é a chave para a habilidade de leitura, conforme sugerem esses estudos.

Essa área, atrás do ouvido esquerdo, é chamada região ocipto-temporal esquerda. Cientistas que, agora, estão tentando definir que circuitos estão envolvidos e o que ocorre de errado em Dislexia, advertem que essa tecnologia não pode ser usada para diagnosticar Dislexia.

Esses pesquisadores ainda esclarecem que crianças disléxicas mais velhas mostram mais atividade em uma diferente região cerebral do que os disléxicos mais novos. O que sugere que essa outra área assumiu esse comando cerebral de modo compensatório, possibilitando que essas crianças conseguiam ler, porém somente com o exercício de um grande esforço.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

    Inovação Social, Bom Começo

Governo, Inovação e Legislação
As preocupantes estatísticas do ensino e educação no nosso país podem mudar.O Projeto Bom Começo é um exemplo de como a parceria entre governo, mercado e universidade pode promover inovação a favor da sociedade
Por Carla Pedrosa
Dados dos Ministérios da Saúde e da Educação são preocupantes: 30% das crianças em idade escolar sofrem com problemas visuais que podem influenciar negativamente no processo de aprendizagem. Miopia, astigmatismo, estrabismo são apenas alguns desses problemas. A Síndrome de Irlen é outro distúrbio de aprendizagem relacionado à visão. Ela afeta 46% dos indivíduos com déficits específicos de aprendizagem e leitura e 33% dos casos de Transtorno de Déficit de Atenção e de Dislexia, mas ainda é pouco conhecida em nosso país pelos profissionais da educação. Foi pensando em suprir essa carência que o Hospital de Olhos – em parceria com a UFMG, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), a Fapemig e o CNPq – desenvolveu toda uma metodologia e tecnologias para levar às escolas dos municípios de Minas Gerais.
O Bom Começo
Há 15 anos, o Dr.Ricardo Guimarães e a Dra. Márcia Reis Guimarães, oftalmologistas e diretores da Fundação Hospital de olhos, perceberam que o teste de letrinhas, exame normalmente feito para detectar acuidade visual, não era suficiente para identificar problemas de leitura. Os doutores descobriram que grande parte das crianças possui boa acuidade visual, mas têm distúrbio de óculo motricidade, ou de adaptação à luz, que dificultam a leitura. Para detectar e solucionar esse distúrbio seria necessário desenvolver uma abordagem diferente da convencional.
Detectada a necessidade de se desenvolver nova metodologia, a Dra. Márcia Guimarães se dedicou a estudar os casos de crianças com alterações visuais, apesar da acuidade visual normal. Foi a partir de então que se consolidou o conhecimento clínico e científico para orientar o desenvolvimento da tecnologia necessária a um diagnóstico cada vez mais precoce do problema.
A Fundação Hospital de Olhos já possuía um pré-projeto de desenvolvimento de tecnologia e metodologia de baixo custo e visava desenvolvê-lo e divulgá-lo, a princípio em âmbito regional e, posteriormente, nacional. Para tanto, apresentou a sugestão de projeto para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A UFMG concordou com a proposta com a ressalva de que o projeto apresentasse uma visão epidemiológica e enfoque em saúde pública. Firmou-se, então, uma parceria com o Laboratório de Bioengenharia da UFMG (LABBIO). Foi com essa parceria que surgiu o Projeto Bom Começo: Programa de Acompanhamento da Saúde na Escola (PBC). “À medida que houve essa interação e começou a atividade de pesquisa ampliaram-se os horizontes, o que desembocou no Projeto Bom Começo”, informa Marcos Pinotti, fundador do LABBIO.
O Projeto Bom Começo é uma ação social direcionada à erradicação dos Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à visão, sobretudo a Dislexia e a Síndrome de Irlen. Tal Síndrome não é detectada por exames oftalmológicos de rotina. Somente profissionais capacitados a respeito da metodologia Irlen podem efetuar o diagnóstico adequado, obtido através de um screening, avaliação para constatação de distorções visuais.





As quatro etapas que compõem o Projeto Bom Começo consistem na capacitação de profissionais, realização de exames de triagem, envio de resultados para o banco de dados e emissão de relatórios individuais e coletivos.
Os professores capacitados estarão aptos a reconhecer quando o aluno apresenta, por exemplo, sintomas parecidos aos da Síndrome de Irlen. “O nosso projeto se baseia 50% na capacitação de professores e dos gestores de educação para que eles possam identificar as crianças que estão com problemas”, afirma o Dr. Ricardo Guimarães, diretor da Fundação Hospital de Olhos.  O curso de capacitação é também oferecido a profissionais da saúde - psicólogos, fonoaudiólogos, neuropsicólogos, pedagogos, psicopedagogos e médicos - para auxiliar no tratamento.
Detectados os problemas, as medidas para solucioná-los são simples e de baixo custo. Para a criança diagnosticada com Síndrome de Irlen, por exemplo, poderá ser fornecida, pela própria escola, uma overlay. Marina Roberta Nogueira, pesquisadora do Hospital de Olhos de Belo Horizonte, explica que a overlay é uma lâmina que fica sobreposta ao texto e dá conforto visual à criança, ao diminuir o contraste entre o branco e o preto; motivo da interferência no processamento visual. Marina destaca que “por meio dessa solução simples, a criança terá maior qualidade no aprendizado”.

Professores utilizam overlay no curso de capacitação em Belo Horizonte